Troquei os olhos pelas mãos, o coração por algum sentido.
Troquei o hedonismo grotesco pela pulsatilla, reservado pros que choram junto com a música. Troquei as euforias libertinas pela minha sanidade quentinha. Troquei o suplício azucrinante pela indiferença dos quais fingem felicidade, cheios de falsos sorrisos. Troquei a minha furia por cinco pontes de sanfena, os meus medos por 3 cartelas de ranitidina por mês. Troquei minhas quedas nas notas do colégio por alguns parafusos no joelho. Troquei a literatura cáustica do Bukowski pela agonia da Clarice. Troquei a endorfina pela adrenalina. As taças espumantes revezo com chás fumegantes. Troquei todas as minhas descendências, orientais e europeias por partes deus-sabe-o-quê. Troquei minhas asas por uma janela enorme.
A fruta mordida pela fruta inteira.
Hoje, o âmago que apresento é liso, mas não troco o ar beato sem flores que carrego..Mas às vezes o ego grita e eu não resisto. E as velhas pérolas que abraçam meu pescoço, não me deixam escapar os enfermos fios de dúvida que pairam sobre a minha cabeça. Talvez sejam dos infernos mesmo.
Excelente.
A minha pele continua confortável, mas as pessoas continuam olhando.