22/12/2009

iminência de algo grande .

eu quero ser grande.
gosto da ideia de um dia repousar minha cabeça aqui, no sul da américa.
braços soltos, brincando na água. com as ondas do oceano atlântico.
pés descalços, exaustos, no mediterrâneo.
eu quero ser grande, do tamanho da eletricidade.
vou virar luz da lua, poeira cósmica.
ser tão grande que em dois passos atravesso a ponte rio-niteroi.
quero me transformar em fumaça, que se espalha e nem percebe.
quero virar faísca.
ou a liga que faz o bolo.
grande.
sun, i need you .

20/12/2009

porque quando me falam vício nao sei se é de linguagem de droga lícita ou ilícita de botar vírgula no texto vício de vício vício de captaçao de inovaçao aquele que aparece no IBGE de tentar de nao tentar de nao fazer nada de nao ser o que é DE QUERER FAZER TUDO.
"nunca precisei aborrecer ninguém antes, então atuo por instinto, cansando-me facilmente."
não preciso mais olhar pro céu
pra enxergar as nuvens
me perco
tão somente
quando olho pra frente

não queria,

"Hoje que queria abrir um álbum de fotografias, onde não houvesse gente de olhos duros e mãos aduncas.
De lá de dentro de seus retratos essas senhoras estariam dizendo: “Meus filhos, nada disso vale a pena...”
Hoje eu queria ficar folheando este álbum.

Hoje eu queria ler uns livros que não falam de gente, mas só de bichos, de plantas, de pedras: um livro que me levasse por essas solidões da Natureza, sem vozes humanas, sem discursos, boatos, mentiras, calúnias, falsidades, elogios, celebrações... hoje eu queria apenas ver uma flor abrir-se, desmanchar-se, viver sua existência autêntica, integral, do nascimento à morte, muito breve, sem borboleta nem abelha de permeio.
Esta ignorância humana. Este silêncio do universo. A sabedoria.

Hoje eu queria estar entre as nuvens, na velocidade das nuvens, na sua fragilidade, na sua docilidade de ser e deixar de ser. Livremente.
Sem interesse próprio. Confiante. À mercê da vida.
Hoje eu quereria andar lá em cima nas nuvens, com as nuvens, pelas nuvens, para as nuvens...

Hoje eu quereria estar no deserto amarelo, sem beduíno, camelo ou rebanho de cabras: no puro deserto amarelo onde só reina o vento grandioso que leva tudo, que não precisa nem de água, nem de areia, nem de flor, nem de pedra, nem de gente. O vento solitário que vai para longe de mãos vazias.

Hoje eu queria ser esse vento."

, quero.


cecilia meireles

18/12/2009

No ballet so conseguimos a perfeicão quando atingimos o ápice da brutalidade.
Deve-se sentir todos os nervos e tendões latejando, esticando, se transformando.
Sabemos que está dando certo quando dói, quando involuntariamente gritamos por dentro.
Para ai sim, se tornar suave.
O homem desde sempre imita a natureza e os animais.
Cria-se aviões, pés-de-pato, binóculos, liquidificadores.
Ainda bem que a tecnologia se supera cada vez mais.
Mas no ballet, estamos tão despidos dela, que temos de criar asas para voar, a leveza e a flexibilidade de um invertebrado, a agilidade da raposa.
Cabeça, cabeça, cabeça.
Não temos parafusos nem baterias, mas pulamos exaustivamente, até que os pulmões não deêm conta, até que os pés não consigam mais servir de apoio, até que a coluna faça força para se curvar. E ainda sim, conseguimos

16/12/2009

quis te ligar.
não peguei o telefone mas,
Sinto-me bem.
Gosto de pensar em valores. Não falo dos valores que se materializam, no qual empilham em cofres ou naquele em que os homens enlouquecem fazendo transferências no banco.
Quando eu digo "valor", eu falo daquela palavra bruta, que deriva do latim.
"Valorem".
É uma coisa muito simples. Te trás uma felicidade instantânea quando você atinge a sinceridade absoluta, a mais pura da sua razão. Quando você deixa de querer provar algo.
Perceba, não cito "não se importar".
E isso não significa que você tem o poder de toda a razão do mundo.
É uma coisa tão pessoal e íntima, que chega a ser instransferível. Como te fazer perceber?
Eu não sei, mas sinto-me bem.
Não me sinto jovem nem velha.
Sou aquela que aprecia atinquários e acrílicos coloridos.
E assume isso com muita sutileza.
Porém, não aceito mais viver nesse canil onde o outro deve gritar para ser compreendido.
Onde se faz algo querendo receber outra coisa em troca;
ou pior, espera algo sem que nada se faça;
piorando mais ainda, não mereça e queira receber.
Sou aquela que quer paz.
Sou aquela que quer a verdade, e que não vai buscar mais por isso.
Eu espero que ela venha, porque sim, eu a desejo. Mas que chegue por si só.
Ela sabe o caminho, não precisa de cão-guia nem de instrutor.
Não tenho falta de esperança, não é um desacreditar.
É uma plenitude tão serena, que espero que não termine nunca.
É uma confiança no que eu sou tão forte, que atingi a resistência.
Não sei em que década me encaixarei, se tenho 15, ou 50 anos, mas algumas coisas posso afirmar.
Sei que sou lúcida, e esse talvez seja mesmo o ponto que coloque tudo a perder.

15/12/2009

existiu o grito. existiu o vento.
essa é a história do vento que se apaixonou pelo grito.
daí nasceu o sussurro.

09/12/2009

.
.
.
"Não sei sentir, não sei ser humano, não sei conviver de dentro da alma triste, com os homens, meus irmãos na terra.
Não sei ser útil, mesmo sentindo ser prático, cotidiano, nítido.
Vi todas as coisas e maravilhei-me de tudo.
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco, não sei qual, e eu sofri.
Eu vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos.
E fiquei triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
Amei e odiei como toda gente.
Mas para toda gente isso foi normal e institivo.
Para mim sempre foi a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.
Não sei se a vida é pouca ou demais para mim.
Não sei se sinto demais ou de menos.

Seja como for a vida, de tão interessante que é a todos os momentos, a vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger, a dar vontade de dar pulos, de ficar no chão, de sair para fora de todas as casas, de todas as lógicas, de todas as sacadas e ir ser selvalgens entre árvores e esquecimentos."
.
.
.
álvaro de campos







08/12/2009

o monstro que rondava a minha cama veio me visitar depois de muito tempo de trégua.
mas ele não imagina que sei qual é o alvo.
escondo a minha cabeça.
"Dobrei a esquina do hotel, cansado e com sono. Caminhara o dia inteiro, tomando contato com a cidade..."

...mastigando estearato de sódio, aromatizado e colorido artificialmente, respirando CO2...observo o por-do-sol no céu furioso de São Paulo e as meninas na calçada da Av. Paulista. Pelos meu cálculos, já sustentaram não só meus pés, mas todo meu corpo uns seis quilometros de asfalto.
Meu lugar não é aqui - Penso. Eu sei.
Percebo o lixo que pertence as ruas e a pressa dos que passam amorfos a minha frente.
Procuro uma fagulha de sensatez nesses olhos, mas ninguém me permite a honra.
O tempo pode ser longo, mas disso eles não sabem, então fazem uns passos curtos e apressados, querendo chegar logo. Lá. Todos querem. Não há ninguém parado. É incrível.
Uma dança sem passos nem saltos, onde o que estiver parado, não é ser humano. Deve ser feito de plástico ou algum outro tipo de material. Porque os feitos de carne e osso correm.
Lembro de ter que voltar para o hotel, tenho de ir embora. Faço o mesmo caminho, tento encontrar diferentes outdoors. E consigo. Fácil demais.
Chegando no hotel, uma mulher grita do meu lado: "Eu perdi a minha bolsa!"
Automaticamente entro numa girândola faíscante.
- O que será que tinha naquela bolsa? - Me pergunto.
Cartões de crédito sem limites e alguns mil reais, ou uma carta que escreveu para sua mãe antes de partir, que não teve coragem de entregar?
Eu não sei. De qualquer forma, vou embora, com aquele gosto que a gente só sente nas tardes de segunda-feira. Onde as coisas não nascem nem morrem, apenas permanecem.
Apresso os passos, mas na minha pressa, somente espero.

05/12/2009

última frase de ontem

"um corpo que cai". assim praticou zaratrusta.
aqui permanece um corpo caído. que não aguentou.
um corpo que não reage, que não responde nem pergunta.
não interpreta. fatigado, esgotado.
os músculos não tem mais vida e eu sei porque.
não da pra abraçar tudo e de todas as formas possíveis...
então meu corpo reagiu; não reagindo.
e eu não saí perdendo.
.
.
.
ergo o corpo, com a força de um batalhão de bailarinos. a queda fez parte da dança.
un, deux, trois
PAS DE QUATRE