31/05/2011

barulho de água.
.
.
.
sonho em qualquer canto, que escuto.
posso flutuar mesmo tendo pilhas e pilhas de palavras pra aprender ALEFE BETH sonho com queridos e de tanta saudade tudo fica bem sonho sem tempo pra comer sonho com minhas preces poucas e simples: meu deus, que não batam portas perto dos meus ouvidos; me afaste de alergias e de suspiros embrutecidos amém me explica porque é demais pedir isso?
sonho que estou suavizando cimento amolecendo tijolos com os dentes esfrego as mãos umas nas outras na tentativa de esquentá-las...
deito-me sob o edredom de plumas de ganso nesse sono fácil despertar químico; abraço todos esses livros e admiro com amor todos esses queridos que escreveram sobre salivas pássaros e vida substancialmente sobre a vida e, como eu quero ser...sinto-me Kerouac escrevendo em papel de pão pra não ter que mudar de página, penso sobre nossa cavidade bucal e a vida que há ali penso naquela reportagem que me atormenta há dias nesse frio que me sacode os ossos e, sonho sonho sonho. sonho ser lapidada. juro querer ser simples pragmática pontual. sonho que sou mãe. sonho com os caminhos que devo seguir guiada pelo meu coração de quem promete ser uma boa menina sonho com pedidos de desculpas à Tatyana por não haver no meu alfabeto a pronúncia perfeita pro seu nome sonho que juro que escuto o fim pra essa história que nem mesmo Pushkin conseguiu finalizar.
guardo o meu barulho de água, bem próximo da memória pois a qualquer momento posso precisar

.
.
.
acordo com o choro daquela, daquela que não sabe se vive o sonho, se há sonho na vida ou o quê, mas que diz com todas as letras: eu vou ser!